O Oeste de Santa Catarina vive hoje uma situação parecida com a registrada na década de 1950. Se uma política de governo não definir obras, serviços e incentivos, a região poderá sofrer abalo econômico nos próximos anos, afetando seu desenvolvimento e atingindo o agro-negócio, o item principal nas exportações catarinenses.
A situação do oeste é também paradoxal. De um lado, cresce o êxodo rural em vários municípios pequenos e médios, cujas populações estão caindo. A migração vem se agravando com a transferência de empresas para o litoral, principalmente, nos setores da construção civil e de serviços. As indústrias ligadas à produção de aves e suínos também começam a cogitar de mudança para Mato Grosso e Goiás, onde pagam o milho pela metade do preço de Chapecó. De outro, há uma grande carência de mão de obra. De acordo com as entidades empresariais, só em Chapecó há falta de 5 mil trabalhadores. Dezenas de ônibus transportam colaboradores do Rio Grande do Sul e do Paraná. Não só para Chapecó e região. Também para Concórdia e municípios do Vale do Rio do Peixe.
O déficit de mão de obra é tão acentuado que as empresas já cogitam contratar trabalhadores do Senegal. Há experiência bem sucedida em Passo Fundo , no Rio Grande do Sul. Os operários, a maioria muçulmanos, são disciplinados, dedicados e não criam problemas.
O duplo esvaziamento da economia regional deve-se a vários fatores. Um dos mais delicados é da ausência de infra-estrutura. As empresas pagam muito caro os insumos para produção e depois encontram adversidades na colocação dos produtos no mercado. Não há ferrovias e o único meio de transporte – o rodoviário – está defasado há muito tempo.
O oeste catarinense viveu encruzilhada semelhante na primeira metade do século passado, com carência de energia, estradas, educação e integração. Santa Catarina sofria até o risco de desintegração física com ameaça real de criação do Estado do Iguaçu. O governo Celso Ramos criou a Secretaria do Oeste, garantiu energia, escolas, saúde pública e a região explodiu para se transformar no maior pólo do agronegócio no Brasil.
A política de descentralização nos dois mandatos do governo Luiz Henrique não evitou novas migrações humanas e nem melhorou a infra-estrutura.
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