terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Real já se valorizou 11% ante o dólar no ano

O real caminha para encerrar fevereiro na dianteira do ranking das moedas mais valorizadas do mundo em relação ao dólar, como já ocorreu em janeiro. Até ontem, a moeda brasileira acumulava alta de 11% no ano, à frente do peso mexicano, com ganhos de 8,9%, do dólar da Nova Zelândia, com 8,5%, e de 8% do rand sul-africano. Só o iene perdia do dólar americano: 4,3%.
Segundo especialistas, a valorização do real é explicada, principalmente, pelo otimismo do investidor global com o Brasil. Em janeiro, por exemplo, entraram no País quase US$ 5,5 bilhões na conta do chamado investimento estrangeiro direto. Para se ter uma ideia, no mesmo mês do ano passado, o saldo positivo foi de US$ 2,9 bilhões.
O fluxo cambial - que resulta da diferença entre entradas e saídas de dólares do País - estava positivo em US$ 6,5 bilhões nos 17 primeiros dias de fevereiro, segundo o Banco Central (BC). Quase US$ 4,2 bilhões tinham origem no segmento financeiro, enquanto US$ 2,4 bilhões eram de operações comerciais (exportações menos importações).
Outro fator importante é a política de governos de países desenvolvidos para estimular suas economias em meio à crise. Tanto o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) quanto o Banco Central Europeu (BCE) vêm despejando enormes quantidades de dólares e euros no mercado. Amanhã, por exemplo, o BCE fará uma nova operação para aliviar as dificuldades do setor bancário da região.
Para analistas, a tendência é de que um cenário parecido se mantenha ao longo de 2012. Por isso, a maioria deles prevê que a cotação a moeda americana não vai se alterar muito na comparação com os níveis atuais. O dólar iniciou a semana valendo R$ 1,708, uma leve alta de 0,12%.
Para o fim do ano, a expectativa da média do mercado é de R$ 1,75, conforme o boletim Focus divulgado ontem pelo BC. O Focus é uma síntese de projeções de aproximadamente uma centena de bancos e consultorias.
"A valorização do real não é conjuntural, mas sim estrutural, e está relacionada com a boa situação do Brasil em relação aos países desenvolvidos", afirmou o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini. O especialista lembra que, desde 2003, quando começou o primeiro mandato do então presidente Lula, o real ganhou terreno em todos os anos, com exceção de 2009. Em 2003, o dólar médio foi de R$ 3,06. Nos anos subsequentes, atingiu R$ 2,93 (2004), R$ 2,43, R$ 2,16, R$ 2,05, R$ 1,84, R$ 1,99 (2009), R$ 1,76, e R$ 1,67.
O diretor executivo da NGO Corretora de Câmbio, Sidnei Nehme, está um pouco mais pessimista do que a média do mercado. Para ele, o dólar encerrará 2012 perto dos R$ 2. "Acredito que o cenário externo será pior do que a maioria dos meus colegas avalia hoje", explicou. 
Fonte: O Estadão Online

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Desmetropolização no Brasil

O interior do País gerou mais do que o dobro de postos de trabalho formais do que as regiões metropolitanas em janeiro, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Enquanto os centros urbanos foram responsáveis pela criação de 25.653 postos no mês passado, o interior desses aglomerados contratou 52.593 pessoas com carteira assinada a mais do que demitiu no período.
Para fazer essa comparação, o MTE avaliou o comportamento do mercado de trabalho nos Estados da Bahia, Ceará, Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo. As áreas metropolitanas que mais se destacaram em termos absolutos no mês passado foram São Paulo (8.760 postos), Belo Horizonte (7.360 postos), Curitiba (5.647 postos) e Porto Alegre (2.556 postos).
Já as regiões que reduziram o nível de emprego formal foram Fortaleza (-1.652 vagas) e Rio de Janeiro (-1.633 vagas). De acordo com o MTE, isso ocorreu em função do desempenho negativo do comércio tanto em Fortaleza (-1.951 postos) quanto no Rio de Janeiro (-9.656 postos).
Já no interior das regiões consultadas, o MTE destacou São Paulo (19.567 postos), Rio Grande do Sul (10.554 postos), Minas Gerais (9.182 postos) e Paraná (9.006 postos).
Indústria e serviços
De acordo com o Caged, a indústria e o setor de serviços foram os que mais puxaram o resultado positivo do mercado de trabalho formal do Estado de São Paulo em janeiro. O dados revelam que o Estado gerou 28.327 novas vagas acima do volume de demissões no mês passado.
O resultado, o melhor da região Sudeste e do País, foi impulsionado pela geração de empregos na indústria da transformação (15.666 postos) e no setor de serviços (14.698 postos). A construção civil também merece destaque, com 11.533 novas vagas no período.
Logo depois de São Paulo, Minas Gerais é o Estado com os melhores números do mercado de trabalho em janeiro, com a geração líquida - já descontadas as demissões do período - de 16.542 empregos. A expansão foi atribuída pelo MTE ao crescimento dos setores de serviços (6.556 vagas). Também colaboraram a construção civil (5.584 vagas) e a indústria de transformação (5.550 vagas). Já o comércio registrou queda de 3.005 postos em janeiro.
A região Sul dominou as posições seguintes no levantamento feito pelo Ministério. O Estado de Santa Catarina foi responsável pela criação de 16.401 novas vagas formais em janeiro, seguido por Paraná (14.653 postos) e Rio Grande do Sul (13.110 empregos).  Fonte: O Estadão Online

Brasileiro tem direito a atendimeneto médico gratuito em 7 países

Os brasileiros que contribuem para a Previdência Social, além de seus dependentes, têm direito a atendimento médico gratuito na Itália, em Portugal, no Chile, na Grécia e em Cabo Verde.
O dado mais recente disponível no Ministério do Turismo aponta que mais de 770 mil viajaram para os três primeiros países em 2010.
Na Argentina e no Uruguai nem é preciso ser segurado do INSS para ter o benefício.
O seguro-viagem, que muitas vezes é comprado com a passagem, traz outras coberturas --logo não é possível mensurar quanto o turista poderia economizar. "O mais simples inclui morte, invalidez por acidente e perda de bagagem", afirma Alexandre Penner, gerente da Fenaprevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida).
De acordo com Edmar Bull, vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens, "quase 100% dos pacotes das operadoras já incluem a assistência-viagem".
Para quem quiser "apenas" ter assistência farmacêutica, odontológica, ambulatorial e hospitalar na rede pública nesses cinco países, é preciso obter o Cdam (Certificado de Direito à Assistência Médica), emitido gratuitamente pelo Ministério da Saúde, com a apresentação do passaporte e de comprovantes de contribuição ao INSS, entre outros documentos.
QUEDA
No ano passado, o órgão emitiu 13.895 certificados, número 27,1% menor do que o registrado em 2010. São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco e Rio Grande do Sul lideraram as solicitações.
Um dos motivos da queda nessa comparação foi a saída da Espanha, em junho passado, da lista de países que têm acordo com o Brasil. O número não é maior porque os visitantes são atendidos na rede pública brasileira sem nenhuma exigência.
"Os estrangeiros já têm acesso a todo o sistema de saúde pública", afirma Adalberto Fulgêncio, diretor do Denasus (Departamento Nacional de Auditoria do SUS), órgão responsável pela emissão dos certificados.
O Chile também contribuiu para a retração, já que suspendeu o atendimento na erupção do vulcão Puyehue.
Com o fim da exigência de emissão do Cdam para ser atendido nos vizinhos Argentina e Uruguai no ano passado, os números desses países também diminuíram.
Segundo Fulgêncio, a validade do documento varia "de acordo com a necessidade do viajante", mas tem prazo máximo de um ano, com possibilidade de renovação.
Fonte: Folha Online

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

ENTENDA A CRISE NA GRÉCIA



Socializando  uma importante matéria publicada no site da UOL e que ajuda a entender a crise da Grécia.


Os políticos gregos aprovaram uma nova série de medidas de austeridade necessárias para obter um pacote de resgate para a economia do país.

As medidas eram exigidas pela "troika" - o grupo de negociadores internacionais formados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu (BCE) e União Europeia.

Na madrugada de terça-feira foi anunciado que o acordo permitirá que o governo grego tenha acesso a 130 bilhões de euros em empréstimos e permitir uma redução de 100 bilhões de euros na dívida que o país tem com bancos privados.

No dia 20 de março, a Grécia precisa pagar uma parcela de 14,5 bilhões de euros.

Entenda, abaixo, como a Grécia chegou nessa situação e quais as medidas em curso para tentar recuperar o país.

Quem está pagando o resgate da Grécia?

Em tese, os governos europeus não estão pagando nada, já que o pacote de 130 bilhões de euros vem na forma de um empréstimo.

O dinheiro será emprestado a uma baixa taxa de juros, mas ainda acima do custo de tomada de empréstimos de países como Alemanha e França.

Ao contrário dos governos europeus, os credores privados - como bancos europeus - vão perder bastante dinheiro.

Pelo acordo, eles vão ter que aceitar uma redução entre 50% e 70% do dinheiro que emprestaram para a Grécia no passado.

O problema é que a economia grega está em estado tão frágil que mesmo esta redução nas dívidas não será suficiente para diminuir o tamanho da dívida grega para que ela possa ser paga no longo prazo.

Por isso, os líderes europeus já estão discutindo novas soluções, como pedir aos bancos privados que aceitem um prejuízo maior ainda, ou sugerindo que bancos centrais (inclusive o Banco Central Europeu) perdoem parte da dívida grega que possuem em títulos.

Outra opção é reduzir a taxa de juros cobrada no pacote de resgate ou reinvestir o lucro dos empréstimos para aumentar os recursos à disposição.

O que são as medidas de austeridade exigidas da Grécia?

Líderes europeus têm se mantido céticos quanto à habilidade da Grécia em implementar cortes de gastos orçamentários. Então, na mais recente rodada de negociações, exigiram que o Parlamento grego aprovasse medidas que pudessem ser tomadas de forma rápida.

A Grécia foi pressionada a aceitar cortes de gastos mais profundos, relativos a 1,5% do seu PIB, além de cortes previdenciários e de empregos, altamente impopulares entre os cidadãos gregos.

A "troika" também quer que a Grécia torne sua economia mais competitiva, eliminando os custos burocráticos e flexibilizando leis trabalhistas. Também pressionou Atenas a reduzir o salário mínimo, diminuir o número de funcionários públicos, efetuar cortes no valor das aposentadorias e a recapitalizar os bancos gregos.

Mas a Grécia já não tinha implementado medidas de austeridade?

Sim, a Grécia já tinha acordado medidas de contenção de despesas e aumentos de impostos que elevarão a arrecadação em 3,38 bilhões de euros em 2013.

No setor público, já haviam sido feitos cortes de salários e de bônus. Cerca de 30 mil funcionários públicos devem ser suspensos, e as pensões que ultrapassarem o teto de 1000 euros sofrerão cortes de 20%.

O governo grego também havia previsto obter 50 bilhões de euros até 2020 com a privatização de ativos estatais - como portos, aeroportos e minas -, mas revisou esse número para baixo por conta da piora recente do cenário econômico.

As medidas vão funcionar?

Essa é a questão de 130 bilhões de euros. O objetivo dos cortes orçamentários é reduzir o deficit grego de 160% de seu PIB para 120% até 2020.

Apesar das medidas de austeridade aplicadas até o momento, o governo grego continua gastando mais do que sua receita em impostos.

Para alguns economistas e para os sindicatos gregos, o plano em curso atualmente está fadado ao fracasso. Eles argumentam que, ao empobrecer a população, as medidas de austeridade vão simplesmente encolher ainda mais a economia do país, reduzir a arrecadação de impostos e aumentar o deficit.

Já líderes da UE dizem que a Grécia não tem escolha - que os gastos estatais precisam cair mesmo que isso signifique danos de curto prazo à economia.

Também argumentam que as medidas, como cortes de salários, farão com que aumente a competitividade grega e atrairão novos negócios ao país.

O que acontece se o plano fracassar?

Nesse caso, a Grécia não terá como pagar seus credores. Bancos e detentores dos títulos gregos perderiam - mas uma grande parcela do dinheiro já foi, de qualquer forma, eliminado da dívida.

O maior risco pode estar nos mercados, já que os investidores podem perder confiança na habilidade da zona do euro em lidar com países endividados.

A Grécia, em si, não conseguiria mais obter dinheiro emprestado em lugar algum, ficando impossibilitada de pagar o que deve a seus próprios bancos. Isso poderia gerar pânico entre correntistas e possíveis quebras de bancos.

O país também poderia ser forçado a deixar a zona do euro.

Por que a Grécia está tão mal?

A Grécia tem gastado mais do que arrecada desde antes de entrar na zona do euro. Após a adoção da moeda comum, os gastos públicos cresceram ainda mais, e os salários do funcionalismo praticamente dobraram.

E ao mesmo tempo em que o dinheiro saía facilmente dos cofres estatais, pouco recursos entravam, já que a evasão fiscal é amplamente praticada na Grécia.

Assim, o país encontrava-se muito mal preparado para lidar com a crise financeira global que estourou em 2008.

Atenas recebeu 110 bilhões de euros em pacotes de resgate financeiro, em maio de 2010, para enfrentar a crise. Depois, em julho de 2011, estabeleceu-se que o país receberia mais 109 bilhões. Mas as quantias foram consideradas insuficientes.

Em outubro de 2011, a zona do euro conseguiu convencer os bancos a "cortar" 50% de seus títulos gregos, além de acordar previamente um pacote de mais 130 bilhões de euros. Os bancos deixariam de receber a metade do valor emprestado originalmente à Grécia ao adquirirem títulos gregos.

Desde então, a situação grega se deteriorou ainda mais, e o acordo agora em debate envolve uma redução ainda maior na dívida grega por parte dos bancos.

Por que a crise não foi resolvida com os pacotes de resgate prévios?

Apesar de o caso da Grécia ser o mais grave, ele é um indicativo de problemas que têm afetado outros países da zona do euro na última década, como altos deficits e crises imobiliárias.

Com a crise, ficou muito mais difícil pagar esses deficits. E os altos níveis salariais desses países os deixa sem competitividade perante outros países. E, por estarem na zona do euro, não têm a opção de desvalorizar sua moeda para deixar suas exportações mais competitivas.

Esses países estão, agora, tendo que levar adiante cortes de gastos dolorosos e aumento de impostos para colocar suas contas em dia. Mas alguns analistas creem que medidas desse tipo acabam por empurrar os países a uma recessão e, em consequência, a uma diminuição da receita obtida com impostos.

Enquanto isso, a UE tenta estabelecer medidas para o caso de mais algum país mostrar-se insolvente. Em outubro, o bloco entrou em acordo quanto ao Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, com 1 trilhão de euros para enfrentar futuras crises de dívida soberanas. O dinheiro, porém, ainda não foi levantado.