domingo, 25 de novembro de 2012

FURB E UFSC DISCUTEM INDICAÇÃO GEOGRÁFICA E DESENVOLVIMENTO REGIONAL NO VALES DA UVA GOETHE


A aula de encerramento da disciplina compartilhada entre os Programas de Pós Graduação em Desenvolvimento Regional da FURB e de Pós Graduação em Direito da UFSC ocorreu neste último sábado (24/11)  no Vales da Uva Goethe em Urussanga – SC.
A aula contou com a participação de professores e pesquisadores da UNESC – Universidade do Extremo Sul Catarinense e com palestras das proprietárias da Vinícola Mazon, uma das principais vinícolas que participaram da conquista da Indicação de Procedência do Vales da Uva Goethe. As palestrantes explicaram como ocorreu o processo de conquista da IG e os próximos passos do projeto.
As discussões acadêmicas no encontro destacaram a importância do “pós título”, ou seja, a construção dos processos de certificação dos produtores e o acesso ao mercado. Após a concessão de uma IG, a sustentabilidade passa a ser o principal foco.
 A definição de estratégias para colocação dos produtos no mercado e da organização dos produtores em torno da formação de preços mínimos e máximos a serem praticados é um desafio importante a ser superado. A maneira como os arranjos institucionais são estruturados e como a governança é exercida dentro destes arranjos, pode ser determinante para superar esses desafios.
Por fim ocorreu uma avaliação da disciplina e todos os alunos envolvidos consideraram a experiência extremamente positiva. O excelente nível das discussões, provocadas pela diversidade das áreas de formação envolvidas, propiciou um entendimento amplo e macro das Indicações Geográficas e dos desafios a serem superados para sua consolidação como vetor do desenvolvimento local e regional.
Esperamos que este seja o primeiro de muitos projetos envolvendo os Programas de Pós Graduação em Direito da UFSC e Desenvolvimento Regional da FURB na discussão das Indicações Geográficas. 

III REUNIÃO DO FÓRUM CATARINENSE DE INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS E SIGNOS DISTINTIVOS.


No último dia 23 de novembro ocorreu no município de Urussanga – SC, a III Reunião do Fórum Catarinense de Indicações Geográficas e Signos Distintivos.  A reunião, coordenado pelo Prof. Dr. Luiz Otávio Pimentel da UFSC, contou com a participação de representantes da Secretária de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável, Epagri, Proghoete – Associação dos Produtores da Uva e do Vinho Goethe da Região de Urussanga, produtores de vinho Goethe, Prefeitura Municipal de Urussanga, Fecoagro, Ajorpeme, Ampe, Ibravin, e professores e pesquisadores de seis universidades de Santa Catarina.
O encontro aconteceu no auditório da Vinícola Mazon e o local não foi escolhido por acaso. Urussanga faz parte do Vales da Uva Goethe,  primeira e única Indicação Geográfica reconhecida pelo INPI em Santa Catarina.
No evento foram discutidos assuntos relacionados à definição da agenda das atividades do fórum em 2013, a criação de um canal oficial de discussão do fórum, a definição de estratégias para a sensibilização e aproximação de outras entidades representativas no fórum, estratégias para a divulgação dos produtos catarinenses, acesso aos mercados, entre outros assuntos relevantes.
As discussões culminaram com alguns encaminhamentos importantes: definiu-se como prioridade para 2013 a elaboração de uma cartilha para esclarecer a importância das IGs para Santa Catarina, a formulação de uma carta de apresentação do fórum a ser encaminhada para entidades representativas do Estado, a criação de um site específico para divulgar atividades do fórum, a elaboração do estatuto e regimento interno do fórum.
Além disso, decidiu-se que as próximas reuniões do fórum devem contemplar atividades paralelas envolvendo atores regionais para discutir como as IGs poderiam contribuir para o desenvolvimento regional.  
Outra questão importante identificada foi à necessidade de envolver nas discussões representantes da área de turismo do Estado e dos municípios. Entende-se que as IGs podem ter interfaces importantes com esse segmento.
O evento foi um grande sucesso. Chamou a atenção o interesse demonstrado pelos representantes do Governo do Estado em torno das Indicações Geográficas e a expressiva participação das universidades nas discussões. Entende-se que as universidades podem ter um papel decisivo na identificação, desenvolvimento e fortalecimento das IGs, principalmente através de seus programas de pesquisa e extensão multi, inter e transdiscilplinares.
A FURB e o Núcleo de Políticas Públicas (NPP) esteve presente no evento, representados por alunos do Mestrado e do Doutorado em Desenvolvimento Regional.
A próxima edição do fórum deverá ocorrer em março de 2013 no município de Canoinhas e deve contar com eventos paralelos direcionados a professores e pesquisadores que tratam da temática das Indicações Geográficas. A região de Canoinhas discute a possibilidade de solicitar a IG da erva mate.

sábado, 10 de novembro de 2012

INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS E OUTROS SIGNOS DISTINTIVOS COLETIVOS E O DESENVOLVIMENTO REGIONAL SUSTENTÁVEL


Neste trimestre o Programa de Pós Graduação em Desenvolvimento Regional da FURB e o Programa de Pós Graduação em Direito da UFSC oferecem uma disciplina em conjunto para mestrandos e doutorandos das duas universidades. As discussões estão relacionadas às Indicações Geográficas e sua relação com o Desenvolvimento Regional Sustentável abordando os pontos positivos e críticos dessa relação bem como as interfaces geradas com as áreas de direito, economia, meio ambiente e afins. As aulas estão sendo ministradas nas duas universidades e o programa contempla também a verificação in loco de experiências de Indicação Geográfica, bem como a vivência de discussões que tem relação direta com o tema abordado pelas disciplinas envolvidas.
Os trabalhos estão sendo coordenados pelos Professores Dr. Luiz Otávio Pimentel e Profa. Dra. Fabiola Wus Zibetti da UFSC e pela Profa. Dra. Patrícia Luiza Kegel da FURB. Alem destes professores outros professores convidados das duas instituições e representantes do MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento também participam das discussões.
Neste sábado (10/11) as atividades foram realizadas no município de Pomerode, considerado um município emblemático em relação a potencialidades de IGs. Os alunos participaram de uma importante discussão relacionada à produção do “Queijo Kochkäse”, produto tradicional e que está desaparecendo na região e visitaram a produção da Oxford Crystais.
Para os próximos dias 23 e 24 de Novembro está prevista uma visita técnica para os Vales da Uva Goethe, primeira Indicação Geográfica de Santa Catarina. Além disso, os alunos e professores devem participar do Fórum Catarinense das Indicações Geográficas.

EXPERIÊNCIAS DE MANEJO AGROFLORESTAL E COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS ORGÂNICOS EM SANTA CATARINA


No último dia 08 de novembro foi realizada uma visita técnica na disciplina de  Economia Solidária e Território do Doutorado em Desenvolvimento Regional para vivenciar experiências de manejo agroflorestal e produção e comercialização de produtos agroecológicos. Os alunos visitaram três propriedades no município de Presidente Getúlio, no Alto Vale do Itajaí. Em uma propriedade rural verificou uma experiência interessante que concilia a preservação das florestas com a geração de renda através da apicultura. Nas outras duas propriedades rurais observou-se a produção orgânica de hortaliças.
Foi possível verificar o excelente trabalho desenvolvido pela CEMEAR (Centro de Motivação Ecológica e Alternativas Rurais), órgão que atua desde 1996 através de ações de cooperação técnica, ecologização de unidades produtivas familiares e estruturação do circuito de comercialização da distribuição de alimentos agroecológicos.
A CEMEAR promove uma articulação dos agricultores familiares agroecológicos e o mercado de produtos orgânicos. Os agricultores, organizados nos diversos grupos e associações, contam com o assessoramento direto de outros trabalhadores: técnicos agrícolas, engenheiros agrônomos, economistas etc, para desenvolver suas atividades e gerar emprego e renda local.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

O NOVO MANDATO DE OBAMA SERÁ SUSTENTÁVEL?



Sempre gostei do Obama. Acho que esse sim é " o cara". Pela primeira vez os EUA tem um presidente que se preocupa muito mais com os problemas internos de seu país ( e que não são poucos) do que em fazer confusão com outros países.
Seria uma profunda injustiça se Obama não obtive sucesso nas eleições. Abaixo compartilho um interessante artigo do Jornalista André Trigueiro que foi publicado hoje no site G1. Acho que vale a pena ler.


Boa parte dos votos que asseguraram a reeleição de Barack Obama chegaram às urnas soprados pela força dos ventos do furacão Sandy, um evento climático extremo que surpreendeu os cientistas pela rota incomum. A tempestade obrigou o candidato republicano Mitt Romney a reconhecer que o adversário democrata estava certo, ou seja, que o país necessita de uma agência federal para a prevenção de desastres.
Pode-se dizer de forma bem humorada que Obama está em dívida com Sandy. Mas é possível afirmar sem nenhuma dúvida que o presidente reeleito não cumpriu importante promessa feita há quatro anos quando se comprometeu a ser o “principal líder climático do planeta”.
Em seu primeiro mandato Obama conseguiu aprovar na Câmara um projeto inovador para regular as emissões de gases estufa nos Estados Unidos. Batizado de “Cap and Trade”, o projeto estabelecia os limites de emissões para cada setor da economia e as regras para a criação de um mercado de carbono doméstico.
Bombardeado pelos republicanos, por empresas eletrointensivas que queimam regularmente quantidades monumentais de combustíveis fósseis e por segmentos da mídia que associavam o “Cap and Trade” a mais desemprego num momento difícil da economia, Obama recuou e abandonou à própria sorte o projeto que hoje dormita em alguma gaveta do senado.
O que fará o presidente reeleito em relação a este projeto no segundo mandato? Ninguém sabe. A questão climática manteve-se ausente durante a campanha eleitoral.
E qual será a postura do presidente nas negociações do clima? Por enquanto, guarda-se viva na memória a passagem relâmpago de Obama por Copenhague durante a COP-15 para um dos pronunciamentos mais burocráticos e menos inspirados de seu primeiro mandato. Também preferiu não vir à Rio+20. Ficou clara a estratégia do presidente de calibrar suas declarações sobre assuntos ambientais de interesse mundial ou participações em eventos fora dos Estados Unidos sempre de acordo com os humores de seu eleitorado. O resultado nesse sentido foi pífio.
Mas Obama – através do EPA (Environmental Protection Agency) – determinou que o dióxido de carbono (CO2) passasse a ser considerado um poluente. A medida permitiu uma série de restrições que passaram a ser impostas aos maiores poluidores do país. Uma enxurrada de ações judiciais questionou a medida, mas a Suprema Corte deu ganho de causa ao governo. Ponto para ele.
Segundo dados do WorldWatch Institute, nestes primeiros quatro anos da Era Obama houve um aumento de 55% na eficiência dos combustíveis, a importação de petróleo caiu 32%, as emissões de dióxido de carbono foram reduzidas em 10%, a capacidade instalada dos parques eólicos dobrou e a produção de energia a partir do sol foi multiplicada por sete.
Se, por uma lado, a matriz energética americana registrou um salto qualitativo na direção das fontes limpas e renováveis, por outro, a administração Obama passou a apoiar ostensivamente a exploração de gás de xisto através de um método conhecido como “fracking”, que injeta explosivos e substâncias quimicas no subsolo. Controverso e polêmico, o gás de xisto divide a comunidade acadêmica e científica – alguns países da Europa proíbem sua exploração – pelos enormes riscos de contaminação das águas subterrâneas.
Apesar de tudo, do ponto de vista ambiental, melhor Obama do que Romney. Os democratas têm assumido historicamente muito mais compromissos em favor do meio ambiente do que os republicanos, que chegaram a censurar relatórios da Nasa e da EPA sobre aquecimento global na era Bush.
Mas Obama continua devendo. É evidente que os obstáculos são gigantescos, que o Congresso não lhe é favorável, que a sociedade americana está dividida também no que diz respeito a certas políticas ambientais, mas político reeleito costuma ser mais assertivo em suas convicções num eventual segundo mandato.
O que estará em jogo nos próximos quatro anos é o legado que Barack Obama pretende deixar à frente da Casa Branca. Quem senta naquela cadeira, comandando a única superpotência do planeta, não pode tudo, mas pode muito. Se experimentamos a maior crise ambiental da História da humanidade – e Obama sabe disso – há muito o que fazer até 2016.
Que ele possa cumprir o que disse no discurso da vitória, horas atrás: “O melhor ainda está por vir”.


Texto do jornalista André Trigueiro, extraído do portal G1 em 07/11/2012.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

CIÊNCIA E TECNOLOGIA NO BRASIL, POR RENATO DAGNINO


As empresas, no Brasil, absorveram menos de 1% de mestres e doutores formados em ciência dura entre 2006 e 2008. Dos cerca de 90 mil, somente 68 foram contratados. Estes números foram destacados na palestra do professor titular do Departamento de Política Científica e Tecnológica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Renato Dagnino, realizada no CNPq, dia 26 de outubro, em Brasília (DF).
Em entrevista exclusiva para a Agência Gestão CT&I de Notícias, Dagnino aponta a falta de discussão como um dos principais problemas para reorientar a política do setor.

Na sua opinião, quais são os marcos da Política de C&T no país?
A nossa política de ciência e tecnologia é marcada pela continuidade. Praticamente não houve nenhuma mudança significativa desde o seu início. O objetivo tem sido sempre criar uma capacidade de produção de recursos humanos, uma capacidade de pesquisa. O que estamos constatando como resultado dessa política é uma situação esdrúxula. Nós formamos entre 2006 e 2008 cerca de 90 mil mestres e doutores em ciência dura. As empresas, no entanto, absorveram apenas 68 pessoas. Esse é um dado muito claro e mostra a incoerência dessa política de C&T.
Como o senhor analisa a evolução da política de C&T desde a criação dos fundos setoriais?
Os fundos setoriais foram mostrados para a sociedade como sendo uma iniciativa racional e sistemática. No entanto, eles não decorrem de nada muito sistemático nem racional. Eles foram criados a partir de uma oportunidade onde estavam sendo privatizados determinados setores da economia e, onde, em conseqüência, o governo obteria recursos adicionais em função dessas privatizações. Então o que houve foi um senso de oportunidade dos dirigentes da política de ciência e tecnologia de captar parte desses recursos para o desenvolvimento científico e tecnológico.
Dessa forma, nada garante que aquilo que o Brasil precisava, de fato, quando estavam ocorrendo aquelas privatizações e a constituição dos fundos setoriais, que eram aqueles setores os que mais interessavam ao desenvolvimento do país.  No entanto, volto a dizer, e todos sabem, era ali onde havia a oportunidade de arrecadar recursos. Tanto é assim que, posteriormente à criação dos fundos, houve uma paulatina adaptação desses instrumentos à realidade existente. Então, eu não considero a criação dos fundos setoriais como um marco a ser discutido.
O senhor então não acredita em nenhum avanço na política do setor?
Até onde eu posso verificar a continuidade de algo que parte de supostos, hipóteses, modelos, de como funciona a relação ciência e tecnologia de forma equivocada, essa política tende a produzir resultados indesejáveis. Neste sentido eu não vejo nada que poderia indicar como sendo avanços. Agora, por outro lado, é óbvio que produzir mestres e doutores é melhor do que traficar escravas brancas. Cito este exemplo pois em um dos debates que tive com colegas da Unicamp, um deles uma vez me disse: “Dagnino, por que você vem aqui me incomodar? Eu não trafico drogas, não trafico escravas brancas, pago o meu imposto, a única coisa que eu quero é formar os meus alunos. Por que você está aqui me enchendo o saco”?
O senhor apontou diversos problemas na política de C&T do Brasil. Quais são os principais gargalos do setor?
O principal gargalo hoje é a falta de discussão. Nós não estamos discutindo temas que permitam a nós reorientar a política do setor no sentido da transformação que a sociedade deseja.
Que fatores levam o baixo investimento das empresas em P&D?
Pesquisa e desenvolvimento é caro, é incerto. Você tem que lidar com prima-dona. A comunidade científica nunca erra, quem desafina é a orquestra. Então fazer P&D dentro de uma empresa é sempre muito complicado. Quem é que faz P&D no mundo? São as empresas que não podem roubar, copiar ou comprar. Agora nos países periféricos como o Brasil, a norma não é fazer P&D e sim  roubar, copiar ou comprar.
Como mudar esse quadro?
O quadro é estrutural no nosso capitalismo periférico. Você não o muda. Podemos até derramar mestres e doutores goela abaixo das empresas. Podemos formar 60 mil novos mestres e doutores  por ano e ainda assim é muito pouco provável que  elas absorvam, a não ser que seja de graça, como está ocorrendo de certa forma hoje.


Fonte: News - Newsflash


sexta-feira, 2 de novembro de 2012

SAÍDA DE CAMPO NO DOUTORADO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL


No último dia 19 e 20 de outubro os alunos da disciplina de Ecossocioeconomia e Território do Mestrado e do Doutorado em Desenvolvimento Regional da Universidade Regional de Blumenau (FURB),  realizaram uma importante visita técnica a Microbacia do Rio Sagrado, localizada no município de Morretes (PR). O objetivo foi vivenciar in loco experiências de desenvolvimento territorial, com particular enfoque na temática dos Arranjos Socioprodutivos de base territorial. A atividade, coordenada pelos Professores Sampaio e Cristiane Mansur, propiciou aos alunos uma importante aproximação entre a teórica e a prática, extremamente importante para entender e discutir a complexidade das experiências de desenvolvimento local e regional.

A NIGÉRIA NO BRICS?


Desde a entrada da África do Sul, oficializada na cúpula do Brics (Brasil, Rússia, Índia e China), em 2010, analistas de mercado, economistas e até o próprio criador da sigla, passaram a criticar a participação do país. Quando o enfoque é demografia e crescimento econômico, o candidato preferido teria sido a Nigéria, grande produtor petróleo. No entanto, apesar da descrença, e tendo a China como guardiã, o país se esforça para aproveitar o lugar no time de potências mundiais e provar que é digna da nomeação.

“Ser parte do maior grupo político e econômico pode beneficiar o desenvolvimento interno”, salientou nesta quinta-feira (01/11) o vice-ministro sul-africano de Relações Exteriores Ebrahim Ebrahim. “Nossos parceiros dos Brics entendem e compartilham de nossas aspirações por crescer, assim como desenvolver o resto da África”, afirmou o sul-africano, que anunciou o interesse de seu país de sediar um possível banco do grupo. Os Brics propõem a criação de uma instituição para financiar projetos de infraestrutura e desenvolvimento em seus países.

Sob uma perspectiva econômica, quando a África do Sul é comparada com o Brasil, China, Índia, os números estão aquém de uma potência emergente. De acordo com o FMI, o PIB (Produto Interno Bruto) da África do Sul foi revisado para menos de 3.2% para 2.7% este ano, a meta será atingir 3.6% em 2013 e 4.2% em 2014. Enquanto isso, os outros países da África esperam crescer em torno de 7% a médio e curto prazo. Já China e Índia, por outro lado, apostam no crescimento entre 7% e 10%.

Os países do Brics juntos equivalem a 15.17% do volume das exportações globais, o que contribui cada vez mais para a importância político-econômica do bloco. A China sozinha lidera mais de 12% desse volume. Se avaliarmos os índices de desemprego dos países membros, a África do Sul registra 24%.

Já na análise demográfica, a África do Sul também possui a menor população na comparação com Brasil, Rússia, Índia e China, com seus quase 50 milhões de habitantes. Mas, apresenta grande taxa de crescimento populacional, similares ao Brasil e Índia.

Para a doutora em Relações Internacionais e pesquisadora visitante da organização Brics Policy Center, Alessandra Arkhangelskaya, a inclusão da África do Sul no bloco foi muito relevante para o continente e não deve ser analisada isoladamente. “A África e sua agenda estão incluídas nas estruturas principais dos Brics. A África do Sul se posiciona como uma potência regional, assim como uma porta para todo o continente. Mesmo com todos os desafios sócio-econômicos, não há dúvidas sobre sua liderança regional e seu papel deve ser reconhecido internacionalmente.”, revela.

A pesquisadora lembra que a Rússia é o maior país do mundo, possui muitos recursos naturais e também desafios assim como os outros participantes dos Brics. “A Rússia tem uma tendência demográfica diferente, pois todos os países do bloco estão em crescimento demográfico, mas o mesmo não acontece com a Rússia que tem taxas negativas e isso já é um problema”, afirma.

Forte candidato

A Nigéria é o país mais cotado para integrar o Brics e se tornar a maior liderança da África por sua rápida ascensão econômica e populacional. Além disso, está cada vez mais atraindo investidores para seu território. De acordo com o relatório da ONG sul-africana Polity, a taxa de crescimento econômico do país foi de 6.8%, no quarto trimestre de 2010, contra 4.4% da África do Sul no mesmo período. Por outro lado, muitos fatores ainda assombram o país e impedem o seu desenvolvimento, entre eles: instabilidade política, alto índice de desemprego entre jovens, sistema inadequado de educação e corrupção.

A Nigéria seria uma escolha por ser uma das maiores economias africanas. Porém, em 2010, a África do Sul também figurava em outros blocos econômicos juntamente com alguns membros do BRIC e já era porta-voz do continente em fóruns internacionais. Também é inegável que o  sistema financeiro e de telecomunicações sul-africano estão mais desenvolvido do que em outras nações, além de possuir melhor infraestrutura”, comenta Lucy Corkin (À ESQUERDA), doutora em Ciência Política e pesquisadora visitante do BRICS Policy Center.

Diante do pequeno desenvolvimento econômico sul-africano, os investidores internacionais estão voltando seus olhares para países como Nigéria, Angola e Moçambique, que mostram taxas de crescimento expressivas. “Os investidores reconhecem os problemas internos desses países, mas ficam animados com as perspectivas econômicas dessas nações e projetam maior retorno dos investimentos. Enquanto isso, a África do Sul está perdendo oportunidades”, relata Lucy Corkin.

Grande aliada

O analista de mercado da Saxor, Salim Mahmood, afirma que, apesar de não ser muito comentado, a China foi essencial para a entrada da África do Sul para os Brics.  A potência asiática tem grandes investimentos no país, principalmente nos setores bancário, infraestrutura de mineração, transporte e energia renovável.

“O Banco Industrial Comercial da China (ICBC) tem um investimento maciço de R$ 4,7 bilhões, uma participação de 20% no Standard Bank da África do Sul. A China é o maior parceiro comercial da África do Sul, com um superávit em favor da China. Inclusive, a infusão do Yuan chinês manteve a África do Sul à tona durante a recessão econômica. Também é perceptível que a China tem um lugar de importância na política externa da África do Sul”, acrescenta Mahmood.

A pesquisadora Lucy Corkin concorda que a China enxerga o mercado sul-africano como um canal importante também para o continente. “As empresas chinesas possuem uma posição estratégica na África do Sul e os investimentos permitem adentrar nos países do continente. Além disso, a China sempre recebe apoio sul-africano nos fóruns mundiais”, diz.

Para Madmood, a África do Sul funciona como porta de entrada para África, que oferece acesso a um mercado de um bilhão de pessoas em 61 territórios e 54 países, o que equivale a 15% da população mundial. “Os países do Brics estão crescendo rapidamente e, para garantir isso, eles precisam de commodities sul-africanas”, conclui. 

Fonte Opera Mundi.