“O México, aparentemente, é o novo Brasil”, afirma o jornalista Jonathan Wheatley em artigo no Financial Times.
Ex-correspondente em São Paulo , ele vê uma troca de papéis entre as duas maiores economias da América Latina. Se na década de 2000 o Brasil se tornou queridinho dos investidores, agora é o México que aparece com boas perspectivas.
As bolsas de valores já estão refletindo isso, observa Wheatley. Enquanto a brasileira está em queda de 3,83% em 12 meses, a mexicana acumula alta de 14% no mesmo período. O autor nota que o Ibovespa está no mesmo nível de 2009 – “e não era isso que os investidores esperavam quando voltaram ao País naquele ano”.
Na opinião do jornalista, “a famosa economia de voo de galinha do Brasil está voltando ao normal”. Depois de cresceu 7,5% em 2010, o PIB (produto interno bruto) brasileiro subiu apenas 2,7% no ano seguinte a deve aumentar menos de 2% em 2012.
Whatley explica por que os países estão trocando os papéis. O Brasil atraiu investidores porque se beneficiaria de um imenso mercado interno em expansão – impulsionado pelo crédito – e pela capacidade de fornecer matérias-primas para economias em expansão como a China.
Já o México não chamava muita atenção de investidores porque sua economia dependia muito de exportar para os Estados Unidos. Suas empresas nos últimos anos tiveram que enfrentar a dura concorrência chinesa – que aumentou sua presença nos EUA – e ainda, com a crise, viram seus principais clientes – os consumidores americanos – perderem poder de compra.
Inversão
“Como as coisas mudam”, disse Wheatley. A China está se desacelerando e perdendo ao apetite pelas matérias-primas, e o promissor mercado interno brasileiro tende a crescer menos enquanto os consumidores estiverem endividados. Ainda, o custo de produção na China subiu – beneficiando exportadores mexicanos – e a renda dos americanos aumentou.
No entanto, Wheatley faz uma ressalva. Nota que, na bolsa brasileira, o preço das ações atualmente varia em torno de 9 vezes o valor do lucro de um ano projetado por papel. No México, essa proporção é de 15 para 1. “Não se surpreenda se essas razões passarem a convergir”, afirma o articulista. Se isso ocorrer mesmo, será uma boa notícia para quem tem ações no Brasil – ou má para quem investe no México.
Fonte: Estadão
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