quinta-feira, 9 de agosto de 2012

ALUNOS DO SENAC REALIZAM VISITA TÉCNICA A DUDALINA


No último dia 08 de agosto os alunos do segundo semestre do curso superior em Processos Gerenciais da Faculdade SENAC de Blumenau efetuaram uma visita técnica a empresa Dudalina. A visita foi estruturada nas disciplinas de Fundamentos de Marketing e Economia e Mercado lecionadas pelos Professores Leonardo Furtado e Valdinho Pellin, respectivamente. Durante a visita técnica os alunos conheceram a história da empresa e sua evolução, as ações de responsabilidade social desenvolvidas pela organização, as estratégias de marketing utilizadas e os principais aspectos relacionados à logística e a exportação.
A Dudalina iniciou suas atividades em 03 de maio de 1957 e em 2008 alcançou a marca de mais de 50 milhões de camisas vendidas tornando-se uma referência em moda masculina contemporânea.
A empresa desenvolve várias ações de responsabilidade social com destaque para o projeto de geração de renda onde instituições recebem kits de retalhos e criam vários produtos, como por exemplo, sacolas ecológicas. A empresa também é associada ao Instituto Ethos que propaga o conceito de responsabilidade social empresarial incorporando-o ao dia-a-dia da gestão.
Em relação às estratégias de marketing foi possível observar a importância que a  empresa dá para a utilização das mídias sociais, principalmente Facebook e blogs específicos. As estratégias de marketing da organização são criativas e tem apresentando um excelente resultado.
Em relação a exportação observou-se que a organização está iniciando uma aproximação com o mercado europeu através da abertura de uma loja em Milão, berço da moda internacional. O objetivo é reforçar a imagem da marca na Europa e depois disso exportar também para os Estados Unidos. Atualmente a exportação é focada para alguns países do Mercosul com destaque para o Paraguai, Uruguai, Chile e Bolívia. O projeto também visa aprofundar as relações comerciais com estes países aumentando o volume de exportação.
Em relação à logística, observou-se que a empresa trabalha com um conceito interessante relacionado ao fluxo produtivo. Trata-se do Estoque de Giro, ou seja, “só produz o que está vendido”.
A visita técnica foi importante para reforçar conceitos de marketing e economia discutidos em sala de aula. Nos próximos meses os alunos poderão aprofundar as discussões que certamente devem ocorrer na disciplina de Economia e Mercado.
Um agradecimento especial a toda a equipe da Dudalina pelas excelentes palestras proferidas durante a visita técnica.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

A relação entre Política e Desenvolvimento



Política e desenvolvimento

A importante relação entre política e desenvolvimento no excelente artigo de Samuel Pinheiro Guimarães, publicado na Carta Maior.

1. O desenvolvimento é um processo caracterizado pela utilização, cada vez mais ampla e intensa, dos recursos naturais, da força de trabalho e do capital de uma sociedade para torná-la cada vez, mais próspera, mais igual, mais justa e mais democrática.

2. O desenvolvimento depende de uma crescente capacidade de aplicação de tecnologias de produção aos recursos naturais, desde sua extração até seu processamento e transformação física e química, em diferentes etapas sucessivas, nos mais distintos setores.

3. Na economia moderna, tudo depende da aplicação do conhecimento. Este não existe flutuando no ar, mas se encontra incorporado a máquinas, as quais funcionam acopladas à mão de obra, desde engenheiros altamente qualificados até operários, dos mais aos menos qualificados.

4. Os setores que são diferentes da indústria, tais como a mineração, a agricultura e os serviços, dependem de máquinas e equipamentos produzidos pela indústria para funcionar de forma eficiente. Todos os equipamentos utilizados pelas mais diferentes unidades econômicas em qualquer setor da economia são produzidos pela indústria.

5. É um equívoco a idéia de que o Brasil pode se desenvolver com base na agricultura, ou na mineração ou nos serviços e que, a partir da exportação de seus produtos, pode importar os bens industriais para seu consumo, sem que haja a necessidade de desenvolvimento industrial intenso e sofisticado.

6. A organização da produção é feita pelas empresas privadas, estatais ou mistas. Não há produção moderna espontânea; a produção, isto é, a combinação dos fatores de produção (insumos, trabalho, capital) tem de ser sempre organizada por empresas, e esta organização depende, em geral, do sistema de crédito.

7. O desenvolvimento decorre da acumulação de capital a qual se verifica pelo reinvestimento dos lucros e pela mobilização do crédito para a expansão e a modernização das atividades das empresas produtivas, em qualquer setor.

8. A atividade empresarial ocorre em um quadro jurídico definido pelo Estado, isto é, pela legislação e pelas políticas e programas tributários, creditícios, monetários, cambiais. A orientação estratégica dessa legislação e dessas políticas decorre da visão que os setores da classe hegemônica que compõe o Governo e controlam o Estado em dado momento tem da natureza e da situação da economia do país, da capacidade do seu povo e das características do sistema e da situação internacional.

9. Esta legislação define, de um lado, os critérios de participação das megaempresas multinacionais e do capital nacional quer na agricultura, quer na indústria, quer no transporte, quer no comércio, e os mecanismos de inserção do país na economia e na política internacional. De outro lado, a legislação define o sistema de distribuição dos resultados da produção entre capitalistas, empresários e a mão de obra, qualificada ou não.

10. O desenvolvimento industrial, e seus parâmetros jurídicos, não é apenas um processo doméstico de luta ideológica e política, de que participa intensamente a mídia, entre os setores da sociedade para fazer adotar certas legislação e políticas. Este processo é também afetado pelos interesses de terceiros países, em especial das Grandes Potências.

11. As Grandes Potências não se opõem ao desenvolvimento econômico, político e militar dos países subdesenvolvidos desde que esse desenvolvimento e as políticas utilizadas para promovê-lo não contrariem os seus interesses.

12. Se um país subdesenvolvido procura promover o seu desenvolvimento, o processo de acumulação doméstica de capital, privilegiando as empresas de capital nacional, privadas ou não, através de políticas de proteção e de estímulo sofre ele a firme oposição daqueles mesmos Estados que, no passado, usaram o mesmo tipo de políticas para se desenvolver.

13. Os países altamente desenvolvidos procuram energicamente manter sua liderança econômica e política. Para isto, é necessário manter a vantagem competitiva de suas megaempresas, a qual é adquirida e preservada por intenso esforço de pesquisa tecnológica e pelo acesso a mercados e a recursos naturais em qualquer local no mundo. Ao mesmo tempo, protegem seus setores primários e industriais menos competitivos e subsidiam o desenvolvimento de suas indústrias nas áreas tecnológicas mais avançadas e as protegem de tentativas de aquisição por estrangeiros. Procuram dificultar a difusão da tecnologia industrial mais avançada através de sistemas de proteção de patentes e de acordos específicos, tais como os acordos de não proliferação horizontal; procuram impor tratados bilaterais e multilaterais de abertura comercial e financeira, e finalmente, procuram assegurar que a legislação interna dos países garanta a legalidade e o privilégio da presença de suas megaempresas em seus mercados.

14. Até a eclosão da crise em 2007, argumentavam os países desenvolvidos que a organização mais eficiente da economia mundial decorreria da mais ampla implantação do livre comércio, isto é, da eliminação de barreiras, comerciais e financeiras e de políticas domésticas de estímulo à industrialização.

15. Apesar desse seu discurso tradicional, os países altamente desenvolvidos, em decorrência da crise, estão lançando mão de todo tipo de política para recuperar a sua atividade econômica, reduzir o desemprego, aumentar as exportações e conter as importações, sem maior consideração pelos acordos internacionais cuja negociação eles mesmos articularam e impulsionaram, tais como os que resultaram da Rodada Uruguai, que levou à criação da Organização Mundial do Comércio.

16. Um governo qualquer, integrado por representantes de diferentes setores da classe hegemônica, pode ver o sistema econômico e político internacional como altamente competitivo e cooperativo, onde há livre acesso aos mercados e às tecnologias modernas de produção, em que os Estados não agem em defesa de suas empresas. Ou pode vê-lo como um sistema oligopolizado por megaempresas multinacionais, pouco cooperativo e onde o acesso às tecnologias mais modernas é extremamente restrito e onde os Estados, em especial os grandes Estados, defendem e impulsionam os interesses de suas empresas. Pode essa classe hegemônica ver a sociedade e a economia brasileira como fracas políticas e economicamente e incapazes de gerar a tecnologia e o capital necessários aos investimentos ou, ao contrário, podem vê-las como dotadas de amplo potencial para esta tarefa. Há nuances entre estas duas visões extremas, mas elas refletem a essência da questão ideológica, estratégica e finalmente política do desenvolvimento.

17. A classe hegemônica, ao imaginar o povo de seu país como incapaz, as Grandes Potências como cooperativas e o Estado como inimigo da liberdade, pode concluir que a atividade econômica deve ser regida exclusivamente pelas forças de mercado onde todos os interesses nacionais e externos seriam equilibrados, compatíveis e convergentes, sem interferência do Estado que apenas distorceria a competição, a correta alocação de recursos e a redistribuição, sempre “prematura”, da renda.

18. Caso a classe hegemônica que controla o Estado tenha consciência de que há enorme diferença de dimensão entre as empresas nacionais e estrangeiras, que há restrições à aquisição de tecnologia, que os interesses são divergentes e antagônicos, que as megaempresas têm estratégias globais de investimento, comércio e pesquisa não necessariamente compatíveis com os interesses do desenvolvimento nacional, que o mercado representa os interesses financeiros de curto prazo, pode concluir que é necessário lançar mão do Estado e da legislação para desenvolver certos setores industriais mais complexos e que requerem mais capital, estimular e proteger o capital nacional, organizar a participação do capital multinacional, ampliar o mercado interno e promover com energia a geração e a transferência de tecnologia.

19. Neste processo ideológico e político, em que os meios de comunicação tendem a se alinhar com os interesses externos, multinacionais e globalizantes, e com uma visão neoliberal da economia, da sociedade e do Estado, a articulação e a pressão das organizações sindicais, dos movimentos sociais e populares é essencial para fazer prevalecer o interesse geral de longo prazo da sociedade e levar a classe hegemônica que controla o Estado a adotar as políticas adequadas.

20. Há na crise um desafio e uma oportunidade para um Estado como o Brasil, semi-industrializado, com razoável e crescente mercado interno, porém com um parque industrial não integrado, cada vez mais vulnerável e desnacionalizado, mas com um setor financeiro sólido, não contaminado pelos ativos tóxicos gerados pela mega especulação dos grandes centros financeiros. Para aproveitar esta oportunidade é necessário acelerar o seu processo de acumulação de capital, de integração da estrutura industrial, de formação do mercado interno pela construção da infraestrutura de energia e transporte e através de programas de redistribuição de renda, de promoção da transferência de tecnologia e de diversificação das exportações e importações. De outro lado, há o desafio de resistir às políticas dos países desenvolvidos que, diante da crise e da emergência da China, procuram abrir mercados a qualquer preço, através de subsídios e da manipulação cambial, e protegem seus mercados internos e suas empresas em uma estratégia que já está afetando o dínamo do processo de desenvolvimento e de acumulação de capital, que é a estrutura industrial brasileira, por processos de desindustrialização e desnacionalização.

21. As políticas e os programas que vem sendo executados pela Presidenta Dilma e que são, em verdade, a resultante de um permanente confronto entre os diversos setores, de progressistas a conservadores, da classe hegemônica, representados no Executivo e no Legislativo, apontam, em sua maioria, na direção estratégica correta. Todavia, não são ainda suficientes para enfrentar o crescente desafio da crise internacional no que ela tem de mais regressivo e para aproveitar a oportunidade excepcional que ela oferece ao Brasil.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

ENTENDA PORQUE O MÉXICO PODE SER O NOVO BRASIL NA ECONOMIA MUNDIAL


“O México, aparentemente, é o novo Brasil”, afirma o jornalista Jonathan Wheatley em artigo no Financial Times.
Ex-correspondente em São Paulo, ele vê uma troca de papéis entre as duas maiores economias da América Latina. Se na década de 2000 o Brasil se tornou queridinho dos investidores, agora é o México que aparece com boas perspectivas.
As bolsas de valores já estão refletindo isso, observa Wheatley. Enquanto a brasileira está em queda de 3,83% em 12 meses, a mexicana acumula alta de 14% no mesmo período. O autor nota que o Ibovespa está no mesmo nível de 2009 – “e não era isso que os investidores esperavam quando voltaram ao País naquele ano”.
Na opinião do jornalista, “a famosa economia de voo de galinha do Brasil está voltando ao normal”. Depois de cresceu 7,5% em 2010, o PIB (produto interno bruto) brasileiro subiu apenas 2,7% no ano seguinte a deve aumentar menos de 2% em 2012.
Whatley explica por que os países estão trocando os papéis. O Brasil atraiu investidores porque se beneficiaria de um imenso mercado interno em expansão – impulsionado pelo crédito – e pela capacidade de fornecer matérias-primas para economias em expansão como a China.
Já o México não chamava muita atenção de investidores porque sua economia dependia muito de exportar para os Estados Unidos. Suas empresas nos últimos anos tiveram que enfrentar a dura concorrência chinesa – que aumentou sua presença nos EUA – e ainda, com a crise, viram seus principais clientes – os consumidores americanos – perderem poder de compra.
Inversão
“Como as coisas mudam”, disse Wheatley. A China está se desacelerando e perdendo ao apetite pelas matérias-primas, e o promissor mercado interno brasileiro tende a crescer menos enquanto os consumidores estiverem endividados. Ainda, o custo de produção na China subiu – beneficiando exportadores mexicanos – e a renda dos americanos aumentou.
No entanto, Wheatley faz uma ressalva. Nota que, na bolsa brasileira, o preço das ações atualmente varia em torno de 9 vezes o valor do lucro de um ano projetado por papel. No México, essa proporção é de 15 para 1. “Não se surpreenda se essas razões passarem a convergir”, afirma o articulista. Se isso ocorrer mesmo, será uma boa notícia para quem tem ações no Brasil – ou má para quem investe no México.
Fonte: Estadão